sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

EMMANUEL FALA SOBRE O CARNAVAL





“Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência
das criaturas, pode fazer a apologia da
loucura generalizada que
adormece as consciências, nas festas carnavalescas.

É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave
maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas
e os objetivos sagrados da Vida,
se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com
o título de civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens,
lhes burilam o caráter
e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis
do progresso espiritual, a licenciosidade
desses dias prejudiciais opera,
nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos,
a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental, o largo acesso das forças da treva
nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos
precisos de uma hora de insânia e
de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e
de fome, sobram as fartas contribuições para
que os salões se enfeitem e se
intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas, cuja evolução
depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em
semelhantes festejos, na assistência social
aos necessitados de um pão
e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças
abandonadas, as mães aflitas e sofredoras.
Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam
com os problemas nobres da vida, a fim de
que se transforme o supérfluo
na migalha abençoada de pão e de carinho
que será a esperança dos que
choram e sofrem?

Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco,
dentro das suas possibilidades, para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir
superfluidades e luxos nababescos, mas,
enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela
só poderá fornecer com isso, um eloqüente atestado de sua miséria moral.”


Emmanuel
Psicografia: Chico Xavier