sexta-feira, 30 de março de 2012

A LENDA DO ESCONDERIJO SEGURO




“Aconteceu em tempos já distantes...
Observando o comportamento irregular das criaturas humanas, a sua ingratidão e contínua rebeldia, Deus resolveu reunir a Corte Celeste, a fim de apresentar sua opinião pouco favorável aos seres inteligentes que, invariavelmente, utilizavam-se do conhecimento e da razão para protestar, exigir, reclamar contra tudo e todos, demonstrando irritabilidade e desconsideração para com a Paternidade Divina.

Ante a expectação geral dos anjos, arcanjos, querubins e potestades, o Senhor explicou que desejava ensinar aos homens e mulheres terrestres uma forma condigna para O buscarem.

Todos sabiam que Ele residia no Paraíso, cujo endereço era muito conhecido, e para onde se dirigiam suas queixas e desgostos, raramente a gratidão e o amor.

Assim, Ele estava pensando, pelo menos por um período, transferir-se da sua morada, para um lugar onde fosse difícil de ser encontrado. Isso seria uma espécie de férias que Ele desejava experimentar e uma advertência para os filhos ingratos.

Concedera-lhes os predicados do pensamento e da lógica, a fim de que pudessem examinar as belezas existentes no Cosmos, presentes em mil expressões terrenas e, não obstante, na maioria das vezes, esses atributos eram utilizados para o desregramento, a agressividade e a insensatez.

Todos os membros da Corte Celeste concordaram plenamente com a proposta divina e ficaram mais surpresos ainda, quando o Senhor lhes pediu sugestão sobre um lugar na Terra ou próximo dela, onde pudesse ocultar-se temporariamente.

Após larga reflexão, um serafim muito honrado pediu vênia para falar, e propôs:
- Acredito que a Lua seria um excelente lugar para repouso. O silêncio que paira na sua superfície é grandioso, e dali a observação do planeta terrestre faz-se tão bela quanto emocionante. Sugiro, portanto, que o Criador a eleja como Vossa próxima residência.
Todos os membros da excelsa assembléia concordaram com a sugestão tomada, com sorrisos de júbilo.

Mas, o Supremo Senhor, após meditar, redarguiu, preocupado:
- Eu posso prever o futuro e, graças a essa capacidade, vejo o ser humano chegando ao satélite terrestre e colocando ali os seus símbolos. Se lá eu estiver, nessa oportunidade, será muito mais difícil ter que suportar o atrevimento desses visitantes, que certamente não me deixarão em paz.
Um grande silêncio se abateu sobre todos, ante a desolação estampada na face do Excelso Pai.

Um arcanjo, que era tido como um dos mais sábios, pediu licença, e expôs:
- Os oceanos são ainda grande mistério para os humanos, e o Triângulo das Bermudas apresenta uma fossa muito profunda, inalcançável. Sugiro que ali seja estabelecida a Vossa residência.
Parecia estar resolvida a questão, quando o Supremo Chefe respondeu com tristeza:

- O ser humano é capaz de tudo. Posso prever um futuro não muito distante no qual, se utilizando de equipamentos sofisticados e valiosos, ele descerá às maiores profundezas oceânicas e, encontrando-me lá, tentará perturbar-me com a sua petulância e imprudência.

Estava-se num grande impasse, quando um anjo modesto, quase desconsiderado, pediu licença para opinar.
Ele dizia pertencer ao Terceiro Mundo, onde havia muitos pobres, os quais, sempre se ajudavam, procurando diminuir as dificuldades que enfrentavam reciprocamente.

As Entidades mais elevadas, ante o inusitado acontecimento, olharam-no quase com piedade, pensando no que poderia sugerir um modesto anjo encarregado da limpeza do Paraíso!
Mas Deus, por misericórdia, olhou na direção do interlocutor e, com muita ternura, interrogou-lhe:
- Se tens alguma ideia, dize-nos. Em que lugar pensas que me poderei ocultar, a fim de não ser afligido pelos seres humanos?

Eu sugiro, Senhor - redarguiu o anjo humilde, que vos oculteis no coração da própria criatura humana, porque ali somente chegarão aqueles que muito se esforçarem para alcançar a própria evolução, e esses, quando a conseguirem, respeitar-vos-ão, entoando hinos de louvor à Vossa Majestade.

Houve uma comoção que tomou conta de todos, que passaram a aplaudir o modesto servidor angelical.

E, a partir daquele momento, Deus passou a residir no coração do ser humano, somente sendo encontrado por aqueles que realizam a viagem interior, auto-iluminando-se e amando profundamente ao seu próximo. Até hoje, esse é o lugar preferido por Ele...”


             Espírito Selma Lagerlöf
        Psicografado por Divaldo P. Franco



Esta mensagem reflete o grande amor de Deus para conosco. Nosso coração é o receptáculo da morada Dele. Ali, Ele reina, soberano e justo. E dali, sente nossas emoções das mais diversas ordens, desde aquelas que nos sublimam e nos levam a Ele, até aquelas que nos distanciam, pelo caráter que não se coaduna com o que Ele deseja que façamos ou sejamos.

A casa de Deus, dentro de nós, é sagrada e pura.
Lá, não são aceitos atos de rebeldia nem de descontrole, o que fará com que o ambiente fique impregnado pelo mal e venha a gerar dores e desconforto espiritual no homem.

Precisamos manter o lar de nossos corações em condições habitáveis para Deus.
Realizar frequentemente uma faxina em nossa casa mental, que é a responsável pelo funcionamento do coração, pois este leva o fluxo sanguíneo para todo o organismo e este deve estar limpo e oxigenado. Retirar todas as toxinas enviadas pelos maus pensamentos, pelas ações impensadas e más, e repor amor, caridade, harmonia e paz.

Ah! Como Deus deve se sentir feliz, morando num coração sadio, forte e conectado com a beleza e a suavidade da alma.

Vamos procurar dar um lar de verdade para nosso Pai. Um lar onde exista condições Dele realizar um belo reinado. Que nosso coração seja um paraíso, dedicado especialmente a Deus.

Que assim seja!    



domingo, 25 de março de 2012

APRENDIZ DA VIDA




“Queria poder dizer que estou numa idade em que aprendi a viver.
Mas ainda não cheguei a este ponto.
Aprendi algumas coisas, sim.
Outras, trazem uma luta enorme dentro de mim,
e não sei quantas quedas e quantos levantares serão necessários para que eu aprenda.
Mas não desisto!

Parece que estou na idade da razão, mas percebo 
que não existe idade para isso.
Nem sempre tenho razão.
Nem sempre sei o que fazer.
Sou e serei, até o último minuto,
Um aprendiz da vida.

Dizem que perdoar é esquecer e eu não sei ainda 
onde encontrar esta borracha
que apaga vivências doloridas ou curativos 
que cubram feridas que nunca se fecham.
No meu ver, perdoar é compreender,
aceitar, e seguir adiante. É poder olhar nos olhos daquela pessoa novamente, e se precisar, dar a mão 
sem sentimento de sacrifício.
Raras são as pessoas que alcançam o dom do perdão, 
mas não é impossível.

Quando pensamos que sabemos tudo, porque vivemos um certo número de anos, temos
que admitir que vivemos em outra época, com outros valores e que nossas certezas
de antes, nem sempre cabem nos dias de hoje.

Nossos filhos nos lembram disso a cada instante. 
São eles nossos melhores mestres,
ao contrário do que se pensa.
Em tudo que fizemos ou dizemos, nosso exemplo 
vale mais do que todas as palavras.
As crianças ouvem muito mais que parecemos,
que o que dizemos.

É assim também com os que precisam
de nosso apoio.
Cada um de nós absorve acontecimentos
de maneira diferente.
Porque não vivi algo de um jeito, não obrigo 
ninguém a viver da mesma forma.

Aprender a respeitar a dor alheia, é respeitar
a individualidade do ser humano.
O medo do sofrimento do amor, nos afasta das 
pessoas que mais nos amam.
Muito do que chamamos de imprevisto e coincidência, 
é a mão de Deus interferindo
em nossas vidas.
Devemos pensar então, duas vezes antes de reagir 
mal a algo que contraria nossos planos.

O passar do tempo nos traz a experiência, mas a sabedoria vem de maneira diferente.
Ela chega com a vivência, entendimento, compreensão e aceitação das adversidades.
 
Meu maior medo é acreditar sobre o que dizem a meu respeito. Isso me destruiria.
Devo sempre saber quem sou e nunca me esquecer 
daquele que me criou.
Aprender a vida, é reconhecer-se aluno eterno, 
com as somas, as diminuições
e ciências do dia a dia.
É chegar no fim do dia e fazer planos para o dia seguinte e, se preciso for, recalcular, rever, 
repensar e recomeçar.”


Letícia Thompson


Que Deus nos conceda, a cada dia, a oportunidade de compreendermos e aceitarmos nossa condição de espíritos
a caminho do progresso e evolução aqui neste Planeta de provas e expiações. E, para que se concretize esta evolução tão desejada, que possamos aprender a amar e perdoar tanto quanto Jesus nos amou e nos ama, perdoou e  nos perdoa, quando vamos até Ele e, humildes, pedimos 
perdão de nossos erros.

Que tenhamos sempre, a simplicidade em admitir que somos
eternos aprendizes da vida.

Que assim seja! 





quinta-feira, 22 de março de 2012

O CONSTANTE MAU HUMOR



  "Certa feita, uma revista nacional divulgou que estudos revelaram que, ao contrário da crença geral a respeito da esfuziante alegria dos brasileiros, 3,5% da população do país sofre com mau humor constante.


A cifra pode até parecer pequena, mas certamente é significativa. Tanto, que levou os médicos da Universidade do Estado de São Paulo a iniciar um trabalho sobre o assunto, vinculado à Organização Mundial de Saúde.

Por que tanto mau humor é de nos perguntarmos, se vivemos em um país tropical, de belezas naturais extraordinárias, sem guerras ou calamidades sísmicas.

Constatamos que há os que entram nesse clima de tensão, quando contrariados em suas vontades, ignorantes de que não temos tudo o que desejamos, mas recebemos exatamente o de que carece nosso espírito para o processo evolutivo incessante.

Outros, empregados em lojas comerciais, se tornam mal-humorados ante as solicitações de eventuais compradores que desejam tocar o produto, experimentar vários, além de indagar de todas as suas qualidades... e depois vão embora sem comprar nada.

Esquecem-se tais funcionários que é regra do comércio mostrar, demonstrar, tanto quanto perquirir, provar, testar... 
Sempre tendo o direito, o possível comprador de, em não sendo convenientes as qualidades ou o preço da mercadoria, se permitir não adquiri-la.

Mas existem os que assumem mau humor, logo pela manhã, por terem sido despertados uns minutos antes do programado, pelo som de buzinas na rua, pelo ladrar de cães da vizinhança ou a algazarra da criançada.

Mau humor pelo aumento de salário pretendido que não veio no mês em curso, pelo atraso do seu pagamento, pela fila demorada em supermercados, em caixas eletrônicos e instituições públicas lotadas.

Mau humor por não encontrar a roupa passada e disposta, da forma exigida; por não ter à mesa o prato desejado; por não dispor de recursos para aquisição da roupa da moda, da grife do momento.

Mau humor porque o trânsito está lento, quase caótico; ou porque descobre falhas nos outros motoristas, adjetivados logo de tolos ou ignorantes.

Mau humor porque o pedestre faz sua travessia com o sinal vermelho para si e prejudica a aceleração de quem está motorizado e tem pressa.

Tantos motivos para mau humor encharcam os dias e se refletem nos relacionamentos interpessoais.

Atitude que isola as criaturas e as enferma, produzindo disfunções hepáticas, gastro-intestinais, nervosismos, cefaléias.

E, no entanto, existem tantos motivos para se ter bom humor, se alegrar e tantos motivos para 
agradecer, sorrir, louvar.

Mau humor é tônica de quem não conhece o Cristo, nem os altos objetivos da vida que, em verdade, não são o gozo e o prazer mas o aprendizado, o crescimento.
  
Ante os que destilam mau humor, disponhamo-nos a conquistá-los para as fileiras da alegria e do equilíbrio que promovem serenidade e harmonia.

Se somos do número dos que semeamos e alentamos o mau humor, iniciemos a observar o quanto podemos ser úteis, sendo pessoas tranquilas, propiciadoras de paz, onde estamos e com as condições que tenhamos.
  
A felicidade não depende do que acontece ao nosso redor e, sim, do que acontece dentro de nós. A felicidade se mede pelo espírito com o qual nós enfrentamos os problemas da vida."

Redação do Momento Espírita


Se fizermos uma reflexão sobre o assunto do texto, verificaremos que, na realidade, este fato do mau humor não acontece somente conosco, brasileiros, posto que é próprio do ser humano viver sempre queixando-se de tudo
aquilo que faz parte de seu cotidiano.

Não podemos nos esquecer que o homem ainda engatinha em sua caminhada evolutiva e, por assim ser, ainda não possui a compreensão de quão imensa é a sua responsabilidade enquanto cidadão do mundo em que habita.

Somos dependentes uns dos outros para nossa sobrevivência. Mesmo que não queiramos, estaremos sempre condicionados a vivermos em grupos e, assim, torna-se impossível haver sempre o mesmo nível de entendimento entre as criaturas, pelo fato de que cada um de nós tem seu modo exclusivo de pensar e agir.

A jornada na escola da vida impõe-nos condições para que, como irmãos que somos, impere sempre o amor, a benevolência, a caridade, o respeito mútuo e outros tantos valores morais que regem a convivência entre os seres.

O teor do texto acima incita-nos a rever continuamente estes valores, uma vez que são de importância para nossa vida em comum.
Muitas pessoas sentem-se infelizes por qualquer motivo, reagindo com mau humor no
trato com seus afetos e demais pessoas com as quais convivem. Devemos, por isso, ter em mente que nossos atos e pensamentos demonstram o que vai em nossa alma. 

A conscientização de que somos nós que fazemos nossa vida ser melhor, o nosso dia ser mais prazeroso, dá-nos a certeza de que tudo o que temos para dar ao próximo, tem sua origem dentro de nós mesmos.

Que procuremos ser mais humanos, mais dóceis, mais humildes e mais perseverantes no amor a se doado àqueles que caminham ao nosso lado rumo ao progresso e evolução espiritual.
Que sejamos nós a dar o bom exemplo, ou seja, agradecer sempre, mesmo que estejamos recebendo pedras, ao invés de abraços.
Que sejamos nós a fazer a grande diferença, assim como Jesus fez quando aqui esteve entre nós.

Que assim seja!








domingo, 18 de março de 2012

AS FERIDAS DA INFÂNCIA




"É necessário reafirmar-se a reprogramação de nossos padrões mentais, para que possa fluir o brilho de nosso Deus interior, a fim de mostrar a importância da cura das nossas feridas da infância, provenientes desta e de outras vidas,
que ficam gravadas no nosso disco rígido interior e que, dependendo da intensidade, repetição e momento especifico, perturbam profundamente nossa alma.
Estas marcas de frustração e sofrimento, caso não sejam conscientemente harmonizadas,  nos afastarão de nossa missão de vida, escolhida por nós mesmos antes de nascer neste planeta azul.

Somos intimados a vestir nosso traje de Guerreiro da Luz e assumir a responsabilidade de sair para a maturidade emocional e espiritual, iniciando nossa jornada, livres enfim, da busca daquilo que nos foi, de alguma forma, negado na infância.

Madrugada de segunda-feira, onze de novembro.
Com sono, sem guarda-chuva, debaixo de chuva, com um travesseiro na mão e duas malas pesadas no chão, na beira de uma rodovia, depois de perceber que o ônibus que eu esperava não viria, me lembrei do meu pai.
 
Mais exatamente, recordei o momento em que eu mais havia precisado de sua ajuda. E, ainda mais precisamente, que ele havia me negado seu socorro.

Como naquela noite, há trinta anos atrás, me senti perdida, sozinha, abandonada.
 
Comecei a chorar. E foi então que aconteceu o milagre.
 
Enquanto uma parte de mim chorava, uma outra assumia o papel de espectador.
 
E o que o espectador via, era uma mulher interpretando um drama, que ela mesma havia criado, nos mínimos detalhes, para voltar a sofrer uma antiga dor.
 

Lúcido, o espectador, em mim, me fez notar cada detalhe:
Por que é que eu havia escolhido embarcar naquele local desconfortável, numa madrugada que ameaçava temporal?
 
Por que eu havia esquecido o guarda-chuva?
 
Por que não tinha chamado um táxi que me levasse até a rodoviária?
 
Por que estava carregando tanta bagagem?
 
Por que eu estava abraçando um travesseiro?
 

Procurei encontrar um motivo racional para estar naquela situação. E não havia nenhum.
 
Eu tinha dinheiro para comprar outra passagem, no dia seguinte.
 
Eu podia voltar para casa, porque eu tinha uma casa, com roupa seca e cama gostosa, a quinhentos metros dali.
 
E os compromissos que me esperavam em São Paulo podiam ser cancelados, com um simples telefonema.
 

Parei de chorar. Já não estava com sono.
 
Vagarosamente, comecei a entender o que eu pretendia com aquela encenação. Ali Lembrei-me do caminho da autotransformação e ali estava eu,
bem diante de uma das mais dolorosas cicatrizes da minha infância.
Lembrei-me que papai só era carinhoso com a gente quando ficávamos doentes ou estávamos em perigo.

Descobri que gostava de passar, e até forjar situações de abandono, para atrair a atenção de meu pai, e, depois, caso ele não me socorresse, responsabilizá-lo pelas conseqüências que elas iriam ter em minha vida.
Percebi que, diferente do que eu imaginava, não havia perdoado meu pai por nenhum dos males que eu imaginava, ele tivesse praticado contra mim.
 
Consegui me lembrar de boa parte dos dramas que eu havia engendrado, da dor e confusão que eu havia experimentado, quando nem ele, nem ninguém, tinha vindo em meu socorro.

Arrepiei-me diante das muitas situações de perigo em que eu propositadamente tinha me colocado, apenas para depois poder sentir pena, muita pena de mim.
 
E fiquei admirada, com a paz que sentia agora, ao realizar toda essa pesquisa e reflexão.
 
Ali mesmo, rezei pela alma de meu pai e recitei a fórmula do perdão, reconhecendo que nenhum de nós merecia continuar sendo responsabilizado por situações que estavam no passado, e que, portanto, não interessavam mais.
 
Compreendi as razões que ele teve para me negar o seu apoio. E, principalmente agradeci a ele, pela oportunidade de estarmos entrando em contato com a realidade dos fatos, ali, naquele momento, no meio daquela rodovia deserta.
 

Olhei em volta e achei tudo lindo. A chuva havia parado. Um pássaro piou. Em meu pulso, o relógio marcava três horas. Deixei de abraçar o travesseiro. Peguei minhas malas, e atravessei a rua.
 
Em casa, tomei um banho quente, vesti um pijama limpo e me enfiei sob um edredom. Cuidei de mim como se, finalmente, eu me pertencesse.
Eu não estava perdida, nem abandonada, e muito menos só.
 
Eu tinha a mim mesma.
E todos os meus guardiões e mestres estavam comigo.
 

Amorosamente, eles me haviam guiado para aquela situação de confronto com os meus próprios fantasmas.
 
Eles me viram lutar e vencer.
 
Adormeci pensando que talvez, naquela madrugada, mais um pequeno, mas decisivo passo havia sido dado no caminho do autoconhecimento.
 
Um passo que só eu, e mais ninguém, sobre a terra, poderia dar."
                     
                       Maria Guida




São tão comuns as feridas da infância que teimam em não cicatrizar, ainda mais quando nós, despreparados para enfrentá-las, damos acolhida a tantas e tantas "bobagens" que nos sufocam e nos angustiam.
Não foi diferente com a garota do texto acima, quando procurou expor-se, sobremaneira, para chamar a atenção sobre si e para sofrer uma situação inusitada, acontecida há tempos e que a tornou "vítima" para sempre.


Com tantos problemas e questões a agitar-nos em nosso caminhar nesta jornada terrena, há que haver uma autotransformação da criatura, para que se ajuste, como ser humano integral e coerente, à vida que lhe corre ao
derredor e à qual é partícipe compulsória. 


Existe uma medicação para a alma, ensinada e indicada por Jesus: o perdão. Este remédio não tem contra-indicações, não precisa ser comprado, uma vez que existe em abundância e ao nosso alcance, deve ser usado em doses cada vez maiores, não tem prazo de validade, é de uso infantil e adulto, e sua eficácia é imediata. Uma vez utilizado, não há dor nem feridas que resistam.


Perdoar e deixar de sentir tanta mágoa e angústia a atormentar nossa vida. O perdão é uma vacina que, se usada de maneira correta, imuniza o ser humano para a vida inteira, desde que ele o use constantemente.


Todos temos fantasmas de culpas por fatos nunca existidos e que ocorreram pela imagem distorcida que temos de acontecimentos que marcam ou marcaram nossa vida. Por não entendermos que, muitos de nós, ainda continuamos infantis e desajustados, sem controle sobre nossa consciência, é que tal ocorre.


Trazemos uma bagagem de cada vida que vivemos. Hoje, temos um somatório de vivências que, muitas vezes vêm
à tona, disparando sérios problemas de relacionamento
entre nós e nossos companheiros de caminhada.


Há, ainda, a questão da parentela à qual somos submetidos, porquanto, em vidas passadas, não cumprimos o que acordamos antes de vir para este mundo.
Assim, temos pais, mães, irmãos e outros membros da família que podem ser nossos anjos amigos, como também, nossos inimigos e cobradores do que deixamos para trás.


Portanto, irmãos, temos que exercitar o medicamento de Cristo e perdoar sempre. Quantas crises de relacionamento estaremos evitando com o perdão.
Que possamos fazer nosso autoconhecimento, evitando assim, tantos revezes da vida, que poderiam ser contornados. Conhecer-nos e saber, por que estamos agindo desta ou daquela maneira.


Que assim seja!
  









                                                                
                                             






domingo, 11 de março de 2012

O PRAZER DE ENVELHECER E MORRER



"A cada dia, manchas senis vão decorando o dorso de minha mão, como estrelas que vão surgindo no início da noite. O sorriso vai sendo emoldurado por bem desenhadas rugas, alegres e expressivas. Um vinco insiste em descer a cada lado do nariz em direção aos lábios. A pele vai lentamente se descolando dos músculos, como se divorciasse de sua elasticidade. O sono piora e mais pareço um vaqueiro, que às 4h da manhã já não cabe na cama.

E dia a dia, mês a mês, vou devolvendo à natureza, aquilo que não é meu: células, proteínas, carbonos, nitrogênios, enfim a matéria! Lenta e continuamente me despeço da juventude, do vigor, das ilusões e sonhos impossíveis. Não há mais lugar para arroubos, impulsividades, revoltas juvenis. Pouco a pouco, sou dominado pela moderação, pela compreensão profunda do que vai na minha mente, coração e alma. Observo o mundo que me cerca, munido de curiosidade, sabedoria. Pouca coisa me surpreende, quase nada me incomoda, uma serenidade me acalma mesmo diante dos absurdos que abalam o mundo.

Procuro entender a tecnologia como instrumento e facilitação do cotidiano, mas sem dependência ou deslumbramento. Continuo anotando em papéis e arquivando, algo que não pega "vírus" nem é alvo de "hackers". Continuo sonhando, construindo sonhos e já consigo morar dentro de alguns deles. Ainda batalho, luto, mas me permito o descanso.

A energia da fé e a energia mental continuam firmemente aumentando, na mesma proporção que minha vitalidade e físico vão decrescendo em direção ao fim. Continuarei todos os dias buscando evoluir ate o dia que deixar a vida: um acidente fatal, um infarto fulminante, um câncer devastador - nada me aterroriza. Espero a morte, assim como um passageiro aguarda um trem ou um avião. Um dia chegamos, num outro, partimos.

"Morrer é tão natural quanto nascer"...
"Nu viestes a esta vida, tão nu quanto viestes sairás dela, e pelo teu trabalho nada que fizestes levarás em tuas mãos. Isto é vaidade e vento que sopra"... Como nos ensina Eclesiastes. A vida é meramente um estágio, onde presos em quatro dimensões, a consciência mora num corpo material fadado a ser extinto, após inúteis vaidades, raivas, ódios, ciúmes, ressentimentos, invejas, apegos, medos, angústias e, em menor proporção, a alegria, o amor, o carinho, a fé, a confiança, a lealdade e a humildade.

Morrerei, espero, serenamente! Afinal, nada nem ninguém me prende à vida material.
Amo, sou amado, sei que poucos têm antipatia, raiva, ódio de mim, mas a recíproca não é verdadeira: o perdão mora em meu coração!

Peço perdão aos que possa ter ofendido. Não sou candidato a nada, nunca fui, nunca serei. Apenas busco com minhas palestras, livros, no exercício da medicina, ser um instrumento da inteligência divina e superior. Busco CRER e SABER! Alio minha FÉ, ao estudo científico.
Creio que há eternidade e reencontro de almas (ou "consciências não-materiais", se quiserem), daqueles que se amaram na vida terrena. E sei que há "inferno" para os que se viciaram, corromperam, traficaram, assassinaram, se apegaram a uma ilusão absoluta que é a vida terrestre e material.

No mais, que cada um busque um sentido de viver, envelhecer, morrer, ser eterno!!!"

              
                Eduardo Andrade Aquino (*)
          

Meus queridos amigos e irmãos, eu penso que depois de um texto como este acima transcrito, nada mais nos resta senão ler e meditar a respeito da importância de saber viver, buscando sempre o progresso e a evolução espiritual, saber envelhecer com dignidade e saber que a morte não é o fim, mas apenas um recomeço de uma nova vida, já que somos eternos.

Que assim seja!




(*) Eduardo Andrade Aquino é médico, psiquiatra, neurocientista, palestrista e colunista do Jornal Super Notícia, de Belo Horizonte (MG).




segunda-feira, 5 de março de 2012

DESENCARNE DE CRIANÇAS - ESCOLHA OU FATALIDADE?



“Ninguém é vítima do destino, ninguém tem algo na vida sem merecer, nem mesmo um desencarne prematuro, ou seja, ainda na fase infantil.

Antes de reencarnamos para continuar nosso crescimento evolutivo escolhemos tudo, nosso corpo físico, o local do nascimento, nossa família terrena e inclusive os aprendizados, sofrimentos, dores e alegrias.

Nada na vida é por acaso, não existem coincidências, pois tudo é perfeitamente sincronizado, obedecendo a um plano divino preestabelecido e nossas escolhas.

A criança pode estar em um corpo pequeno, parecendo frágil e inocente, porém, a vemos dessa maneira porque temos o hábito de enxergar a nós e aos semelhantes pela ótica terrena apenas, acreditando que essa é a única existência.

Essa vida em que estamos inseridos é apenas mais uma, que claro precisa ser bem aproveitada, porém, nossa alma é antiga, nossa essência já passou por muitos corpos, por muitas situações, por muitas famílias, por muitas “cascas” pequenas e diferentes.

Portanto, na condição de espíritos, escolhemos nossa família carnal que nos auxiliará na evolução conscencial e, consequentemente, os auxiliaremos. Tudo é uma troca, de aprendizado, de evolução, de libertação, de resgates passados.

Muitas vezes em decorrência de ações praticadas em vidas passadas, para seu crescimento espiritual e resgates, a alma, no corpo de uma criança, solicita passar por situações difíceis, doenças ou acidentes. Assim, o aprendizado é para ela e para a família também.

Da mesma forma, quando a criança é portadora de uma doença grave, assim escolheu antes de vir para a Terra, este Planeta Escola. Por sua vez, a família também aceitou a vivência de tal situação e está preparada para recebê-la, mesmo que a mente consciente não veja desta forma.

Claro que no momento do desencarne a família sofre, pois como nossa visão é limitada, nos apegamos muito, esquecendo que somos todos espíritos livres, que nos unimos por laços cármicos e por afinidade.

Assim, todos os envolvidos, antes de vir pra Terra, também escolheram isso, portanto estão preparados de forma inconsciente para receber o fato, aparentemente trágico.

Muitas vezes, quando uma criança passa longos períodos doente, os pais buscam se espiritualizar, se autoconhecer para compreender a situação. Ali vemos que a missão da criança era também trazer espiritualidade para os genitores carnais e, quando tudo está organizado, é hora de partir, ou seja, voltar para casa, pois aqui estamos por um período transitório. Quando a alma cumpre sua missão neste planeta, não há mais necessidade de aqui continuar, seguindo sua jornada evolutiva, podendo voltar novamente até que alcance a iluminação.

Outra situação que causa comoção e é muito divulgada na mídia, é o assassinato de uma criança, por desconhecidos ou familiares. Apesar de parecer trágico, é evidente que está foi uma escolha e antes de julgarmos, temos que parar e refletir: O que será que aconteceu com essa família em vidas passadas? Agora esta alma está em um corpo infantil, mas no passado o que fez a seu ‘suposto algoz’?

Embora a criança pareça inocente, pode ter resgates de vidas anteriores e aceito tal desencarne para evolução de todos os envolvidos. E não existe vítima, nem vilão, nem culpado, apenas uniões para aprendizados, muitos aparentemente negativos, mas que nos possibilitam evoluir espiritualmente.

Não existem fatalidades, tudo são escolhas pré-determinadas por nós antes de virmos para este planeta escola. Aqui não é nosso lugar, então temos que ver tudo isso com mais naturalidade. A reencarnação da alma, as vidas sucessivas em corpos, locais, famílias diversas, não é algo com fundamento religioso, mas científico.

Seria muito injusto se existisse apenas uma vida, pois existem realidades diversas...pessoas muito pobres, outras ricas, pessoas felizes, outras com uma vida de aprendizado e aparente sofrimento.

E isso ocorre porque escolhemos, porque cada alma é única e precisa passar por determinadas situações.

Você que está lendo este texto pode pensar: Você diz isso porque não vivenciou uma situação difícil como passei!!

Não estou querendo dizer que o desencarne, as situações negativas são fáceis de serem encaradas e aceitas, mas deveriam ser. Se olharmos com os olhos da alma, percebendo que vamos e voltamos centenas, milhares de vezes, trocamos de corpo, de família, de vida, de profissão, veremos que tudo é perfeito e sincronizado. Que a vida não é um parque de diversões, é o local onde temos que aprender, evoluir, crescer como almas e não homens terrenos apenas, e por mais que seja difícil de aceitar, devido ao nosso nível evolutivo, aprendemos mais pela dor do que pelo amor, esta é a realidade.

Claro que com nosso livre-arbítrio podemos modificar tudo, porém, existem situações que precisamos vivenciar e mais tarde, nesta vida ou após o desencarne, veremos como foi proveitoso e rico em crescimento para a alma. Por isso, as escolhas que fazemos antes de vir para a Terra são mais acertadas do que aquelas que fazemos aqui, cobertos pela limitação.

Antes de reencarnar, quando estamos no Astral, temos mais clareza para fazer escolhas, mas ao chegar aqui, a ilusão, o véu do esquecimento, nos cega e esquecemos quem somos. Como um iceberg que possui apenas 5% visível e 95% encoberto pela água, nós temos 5% de consciência e 95% de inconsciência.

Não existe fatalidades, nem destinos cruéis, porque o desencarne, não é o fim, mas o recomeço de uma nova fase. Ao deixar o corpo carnal, que é morada da alma, temos consciência de quem somos de verdade, pois saímos deste cenário de testes, de encenação. Voltamos para nossa casa e percebemos nossa grandeza como espíritos livres que sempre fazem escolhas, conscientes que a evolução da alma é a meta principal de nossa existência.”

              
                Viviane Draguetti




Quando, por vezes, dizemos que não sabemos por que estamos passando por esta ou aquela dificuldade, que não sabemos por que temos de conviver com determinadas pessoas, que não deveríamos estar passando por certas situações, etc., não sabemos o que estamos dizendo.

Deus, em Sua Infinita Misericórdia, nos dá o direito do livre-arbítrio, mesmo antes de reencarnarmos. Como está claro no texto, depende de nossas escolhas, tudo o que se segue após nosso nascimento. Assim, projetamos,
com a ajuda de nossos mentores espirituais, toda a
trajetória de vida neste Planeta.

Muitas vezes, não precisamos ficar por aqui muito tempo. Daí, os desenlaces em idade precoce. Cumprida nossa tarefa de casa, retornamos à espiritualidade, mesmo que este fato se dê por motivos violentos ou por morte natural. A alma, desenvolta dos laços carnais, se sobrepõe à matéria e volita, livremente para
os braços de Deus.

É claro e evidente o sofrimento que sentimos quando uma criança desencarna. Porém, precisamos entender que cumpriu-se uma etapa do trajeto daquele espírito, aqui no mundo material. E que,
apesar do que haja contribuído para que tal fato acontecesse, foi o próprio ser que assim quis que acontecesse, devido à sua programação de vida aqui entre nós.

Meus amigos, por pior que seja a separação de um ente querido, seja adulto ou seja criança, pensemos que, de onde se encontre essa alma querida, ela estará nos envolvendo com sua aura
de amor e luz, nos ajudando a vencer as dificuldades que a vida impõe.

Que assim seja!