domingo, 30 de dezembro de 2012

APOSTE NA VIDA





"Eu aposto na vida, mesmo diante das dificuldades.
Aposto no 
sorriso, na esperança de um novo dia.
Porque descobri o prazer de viver cada 
emoção,
cada situação, sem me importar com o 
desafio.
Rasgando as entranhas diante da dor,
vibrando a cada nova conquista.
Criei um pequeno jardim, no meu pequeno apartamento;
plantei uma 
árvore na praça em frente.
Escrevo pequenas poesias que não mostro pra ninguém,
mas descobri a emoção de lê-las sozinho, e até chorar.
Eu aposto no valor da emoção, dos sentimentos,
de pessoas que se buscam, se entrosam e se amam.
Eu aposto nas possibilidades, na amizade sincera,
na beleza infinita da natureza, no brilho da lua.
Na justiça dos raios solares que não privilegia ninguém,
na brisa que me levanta o ânimo,
me dá certezas…

Eu aposto na vida.
Mesmo diante do maior problema,
porque descobri que cada novo dia é uma folha em branco,
onde posso escrever memórias, relembrar fatos e criar o futuro.
Futuro que rabisco com tintas coloridas,
e que chamo carinhosamente de esperança.
Eu aposto na vida!"

                             Paulo Roberto Gaefke


Com este texto eu quero dizer a vocês, meus queridos amigos, que é impossível não apostar na vida, posto que é nela que aprendemos o que Jesus nos ensinou quando aqui esteve entre nós: amar aos outros para sermos amados.
E, como estamos no final do ano, quero desejar a todos um 2013 pleno de paz, amor, harmonia e que saibamos buscar, dentro de cada um de nós, as palavras do Mestre
Jesus, a fim de que tenhamos a certeza de que estaremos agindo com fé e esperança em dias melhores.

                             Feliz Ano Novo!

Que assim seja!


sábado, 22 de dezembro de 2012

PORQUE É NATAL




Senhor,

A Tua voz é o som perfeito que me embala o ser, e que me faz ouvir o murmúrio tranqüilizante dos astros.
O Teu olhar é como o brilho solar, que me aquece a alma fria, marcada pelo desalento e pela desesperança, nessa dura marcha para a elevação.
As Tuas mãos representam para mim o divino apoio, amparo que me impede de tombar, fragilizado como estou, nos rumos em que me vejo, ante a necessidade de subir.

As Tuas pegadas indicam-me as trilhas por onde devo me orientar nessa ausência de bússola moral com o entorpecimento da ética, quando desejo ir ao encontro de Deus.
As Tuas instruções, Jesus Nazareno, mapeiam para mim o território da paz, ensejando-me clareza para que saiba onde me encontro e como estou, para que não me perca nessa ingente procura dos campos de amor e das fontes de paz.
Os Teus silêncios falam-me bem alto a respeito de tudo o que devo aprender e operar nos recônditos de minh'alma, aprendendo tanto a falar quanto a calar, sempre atuando na construção do mundo rico de fraternidade que almejamos.
Agora, quando me ponho a meditar sobre tudo isso, meu Senhor, desejo exalçar o Teu nome, por toda a minha omissão dos milênios afora, embora a Tua paciente e dúlcida presença junto a mim.

Já é Natal na Terra, Jesus!

E porque é o Teu Natal, busco em Tua luz desfazer as minhas sombras; procuro em Tua assistência superar minhas variadas necessidades; quero, no Teu exemplo de trabalho, atender os meus deveres.
Porque é o Teu Natal, anseio por achar na Tua força a coragem de superar os meus limites; desejo ver na Tua entrega total a Deus, o reforço para minha fidelidade ao bem e, na Tua auto-doação à vida, anelo tornar-me um servidor; no culto do dever que Te trouxe ao mundo, quero honrar o meu trabalho.

No Teu Natal, que esparge claros jorros de amor sobre o planeta, quero abrigar-Te no imo do meu coração convertido numa lapa bem simples, para que possas nascer em mim, crescer em mim e atuar por mim.
E, na magia do Natal, vibro para que minhas ações permitam que o Teu formoso Reino logo mais possa alojar-se aqui, no mundo, e que cheio de júbilo n'alma eu possa dizer que Te amo, que Te busco e que Te quero seguir, apesar da simplicidade dos meus gestos e do pouco que tenho para dar-Te, meu doce Amigo, meu Senhor.

                             
                              Raul Teixeira
              Mensagem do Esp. Ivan de Albuquerque.

Queridos amigos,
Neste Natal quero desejar a todos vocês muita paz, amor, fé e harmonia. Que em cada coração, brote uma doce oração àquele Menino que há mais de 2.000 anos veio ao mundo para mostrar-nos o quanto podemos ser e fazer para sermos melhores e felizes.
Que Deus abençoe a todos, dando-lhes saúde e paz.
Que assim seja!

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VIVER O AGORA





Este é o teu momento de viver intensamente a realidade da vida.
Desnecessário recordar que, agora, o teu momento presente é relevante para a aquisição dos bens inestimáveis para o espírito eterno.
Há muito desperdício de tempo, que se aplica nas considerações do passado como em torno das ansiedades do futuro.
A tomada de consciência é um trabalho de atualidade, de valorização das horas, de realização constante.

A vida é para ser vivida agora.
Postergar experiências, significa prejuízo em crescimento na economia da vida.
Antecipar ocorrências, representa precipitação de fatos que, talvez, não sucederão, conforme agora, tomam curso.
As emoções canalizadas em relação ao passado ou ao futuro dissipam ou gastam a energia vital, que deve ser utilizada na ação do momento.

Se vives recordando o passado ou ansiando pelo futuro, perdes a contribuição do presente, praticamente nada reservando para hoje.
O momento atual é a vida, que resulta das atividades pretéritas e elabora o programa do porvir.
Encoraja-te a viver o hoje, sentindo cada instante e valorizando-o mediante a consciência das bênçãos que se encontram à tua disposição.
A vida é um sublime dom de Deus.
Desse modo, agradece-Lhe o sublime legado, que é a tua vida, por Ele concedido.

Vive, jubilosamente hoje, sejam quais forem as circunstâncias em que se te apresente a existência.
Se o instante é de aflição, resigna-te agindo corretamente, e estarás produzindo para o futuro que te chegará com paz.
Se o momento é de gozo, recorda-te dos padecentes à tua volta e reparte alegria, ampliando o círculo de ventura.
Quem despertou para a superior finalidade da vida, vive-a a cada momento, vivendo-a principalmente agora.



                            Espírito Joanna de Ângelis
               Livro: Alegria de Viver  -  Divaldo P. Franco



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O MERGULHO EM SI MESMO




“Para alcançar uma esfera mais alta de consciência, precisamos mergulhar profundamente em nosso interior e renascer libertos dos medos, dúvidas, vícios e conflitos.

Meus amigos, não esperem a morte chegar para desenfaixá-los da carne.
Comecem imediatamente um processo interno de profunda renovação consciencial.
Morrer não significa crescer!  Viver é crescer.
A morte apenas faz o espírito mudar de endereço vibracional.
A pessoa é a mesma, com suas virtudes e defeitos, seja dentro ou fora do corpo, em qualquer dimensão.

Não tenham medo de mergulhar em si mesmos e escalpelar o próprio ego.  Rasguem a pele do medo, nas trilhas do discernimento!  Contudo, não se enganem. Há dor nesse processo.
Não é fácil, mas é factível a quem quer crescer municiado de plena luz interior.
O mergulho em si mesmo é uma espécie de morte: a morte do ser velho e seu renascimento constante.

Se vocês padecem do medo da dor de crescer e olhar objetivamente a si mesmos, então pensem nas dores que já lhes acompanham tão frequentemente: violência íntima,
medo, vazio existencial, falta de motivação, falta de espiritualidade e uma terrível treva espiritual, envolvendo suas melhores aspirações.
Façam uma medição na balança de seus corações e observem o que dói mais: crescer ou ser súdito da agonia do vazio consciencial?  O que dói mais:
Ser medíocre e desconhecido de si mesmo ou lutar para evoluir e seguir?
 O que dá mais trabalho:
 Manter vícios que custam tanto ou lutar para vencê-los?
Quais são seus objetivos vitais:
Agonia íntima ou crescimento consciencial?

Vocês esperarão a morte sendo súditos da inércia?
Ou aumentarão a motivação de viver e aprender? 
Quando esse ser velho e medroso será cremado no fogo do discernimento?
Quando será o funeral de suas dores íntimas?
Quando a fagulha divina que já mora em seus corações há de brilhar mais?

Renasçam a cada instante!
Presenteiem suas vidas com uma nova luz nos pensamentos e sentimentos.
Promovam aquela alquimia íntima: ser antigo, fora!  Ser renovado, agora!
Quem poderá crescer por vocês?
Quem irá pôr fim à dor de vocês?
Que salvador poderá evoluir por vocês?
Quem poderá digerir essas toneladas de mágoas?
Quem promoverá o apocalipse do ego dentro do calendário da própria alma?
Quem liquidará o asteróide do medo no planeta de seus corações?

Mergulhando em si mesmos, sem medo, sem trevas, vocês encontrarão dores, sim. Mas qual renascimento é isento de dor?
Pior já é a dor de sentir-se um estranho no próprio mundo íntimo.
Usem a água da espiritualidade e o remédio da sabedoria para lavar os sofrimentos e curar as feridas internas. Usem o antiácido da alegria e curem as úlceras emocionais. Agradeçam as dores do parto de um ser divino dentro de vocês. É a dor de um mestre nascendo!

Há um menino Jesus, um menino Krishna e a paz do Buda nascendo no menino-coração de cada um de vocês.
Confraternizem mais, sorriam sem medo!
Ninguém morre vítima da morte, que apenas devolve a consciência à sua casa celestial.
Mas é possível morrer em vida, de agonia e falta de lucidez .
É possível ser um cadáver vivo: basta sentir-se vazio, sem alma, murcho de alegrias e renovações.

Meus amigos, cremem o ego e renasçam das cinzas.
Façam uma fogueira de seus medos.
Depois, joguem as cinzas ao vento da vida e gritem bem alto:
"Meus medos já eram!
Só tem luz em meu coração!
Sou divino e há um sol interno despertando na aurora de minha vida!"
Não esperem a morte para morrer só de corpo.
Aliem-se à vida para que morram seus dramas e seus egos.
Que esses escritos possam matar suas dores de vazio espiritual, e que possam enchê-los de vida, de luz e de um grande amor.
Que Deus abençoe seus renascimentos!"



                                Wagner Borges



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O TEMPO




“O tempo, que é de todos o maior e mais sábio juiz, acaba sempre por mostrar quem se enganou, por ambição ou por falta de ponderação.
Um pedaço de tempo é uma pepita de ouro.
A nossa vida  é um átomo, aliás, mais breve que um átomo; mas a natureza zombou dessa ninharia, dando-lhe a aparência de um tempo bastante longo.

A vida é uma luta contra o tempo.
Queremos agarrá-lo, discipliná-lo, para poder fazer tranquilamente alguma coisa – e ele escoa-se, não para, não se deixa agarrar, corre inexoravelmente, não nos deixa descansar.
Às vezes, o tempo voa como um pássaro; outras, arrasta-se como um caracol.
O homem é feliz quando não se apercebe se o passo do tempo é lesto ou moroso. O que lhe importa é ganhar, em cada dia, mais um dia.

Dizer que o tempo é dinheiro, é falso e pernicioso. O tempo vale infinitamente mais que o dinheiro e nada tem em comum com ele.
Não se pode amontoar tempo; nem tampouco sabemos quanto tempo nos resta no banco da vida.
Aqueles para quem apenas o presente conta, na verdade nada conhecem da época em que vivem: para compreender o nosso século, é necessário entender todos os séculos que o precederam e que contribuíram para o formar.

Não há um passado que mereça ser revivido com nostalgia. Existe apenas um mundo eternamente novo que se forma com a ampliação dos elementos do passado. A verdadeira nostalgia
deve ser sempre produtiva para criar um mundo melhor.
Apesar de dispormos, diariamente, de 1440 minutos, vivemos escravizados pelo tempo. De tal modo que ficamos ansiosos e a olhar furtivamente para o relógio, quando temos de conceder uns escassos minutos a alguém.

Como o tempo não espera por ninguém, valorizemos cada momento de nossas vidas, pois seja qual for a idade, devemos aproveitar positivamente cada segundo dos 86.400 que nos são atribuídos todos os dias e, assim, chegaremos a idosos sem nos sentirmos velhos.

O tempo não tem favoritos. Para ele, todos somos iguais.
Dessa forma, ele pertence a cada um de nós para o gastarmos, segundo a segundo, minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, ano a ano, como decidirmos.
O tempo não espera por ninguém.
O ontem pertence à História.
O amanhã é um mistério.
Quanto ao hoje, aproveitemo-lo integralmente, porque é uma dádiva. Por isso, se chama presente.”


                       Textos compilados de diversos
                     escritores e pensadores mundiais.  

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

E O FEIO TORNOU-SE BELO




“Na roda de amigos, entre uma cerveja e outra, o marido conta com entusiasmo sua mais nova aventura extraconjugal. Não é culpa dele afinal, ser um sedutor incorrigível. Os amigos o saúdam, entre risos. Na casa de umas amigas, a esposa, que já estava a par do caso, conta-lhes a vingança que estava preparada: ao chegar em casa, o infiel se depararia com outro homem ocupando o seu lugar na cama, ao lado dela. As ouvintes a aplaudem, dando-lhe parabéns por sua trama maquiavélica.

Neste mesmo instante, em casa, o filho mais velho do casal postava em seu perfil no Facebook,  fotos da festa a que fora no último fim de semana, nas quais aparece sendo carregado, inconsciente, por companheiros menos alcoolizados. Poucos minutos depois, haveria um número recorde de amigos que "curtiram" a postagem e deixariam comentários, a bem dizer, elogiosos. E tudo o que era, em tese, condenável, acabou sendo tratado como ação louvável e digna de aplausos.

Vivemos, hoje, o fenômeno da inversão de valores. O nosso lado mais sórdido e mais primitivo está a ser o mais aplaudido. Nas músicas, nas novelas, no cinema, nossos erros parecem estar se convertendo em motivos de orgulho. Não é raro ouvirmos de alguém que fala sem disfarçar a vaidade: "Sou vingativo como meu pai", aparentando não se dar conta de que fala a respeito de um defeito de seu ancestral.

A infidelidade, a violência e o destempero são tão exaltados na mídia que começamos a nos sentir honrados ao admitirmos que possuímos tais características; ao passo que à fidelidade, à mansidão e à prudência foi atribuído um rótulo de fraqueza, de covardia e, até mesmo, do célebre "falso moralismo", uma vez que as correntes de pensamento modernas tratam como hipócrita qualquer demonstração de restrição moral.

A "malandragem", outrora termo pejorativo, hoje é o atributo dos vencedores, de quem fica por cima, e é defendida sob máximas falaciosas e cínicas que se tornaram moda: "quem não engana é enganado", "todo mundo é corrupto", "ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão"...
Enfim, nossas misérias humanas e nossa capacidade de sermos maus e baixos parecem ter graça. De repente, nossos defeitos se tornaram qualidades, sem uma explicação coerente para isso.

Nas escolas, os jovens riem da ingenuidade de professores que aceitaram trabalhos plagiados, ou que não perceberam que estes "colaram" nas provas. Maior motivo de chacota porém, são os colegas que não foram às festas porque passaram horas estudando e, ao fim, tiraram notas semelhantes; aquela minoria, formada por colegas que só pensam em estudar, que não fazem baderna, que não participam de festivais de promiscuidade nas "baladas", recebe mil alcunhas e deboches.

Qualquer semelhança com o comportamento de pais que enriquecem à custa da exploração do trabalho alheio, ou da credulidade do seu empregador (aquelas horas extras que foram declaradas em número "levemente" superior ao real, aquele pequeno desvio do dinheiro da empresa) e debocham dos companheiros que não o fizeram terá sido mera coincidência?

Em nosso tempo, nada contra a corrente aquele que defende a ética, a dignidade, o respeito. É preciso ter muita coragem para andar na contramão do mundo e permanecer fiel a valores que são tachados de retrógrados e inúteis, pois o que antes era feio, subitamente tornou-se belo, e quem não se adaptou a esta mudança, costuma ser o estranho do ninho. Ainda assim, talvez,  a sociedade, em breve, tenha forçosamente de se perguntar o porquê de todo o progresso global e todo o avanço nas mais diversas áreas se dever aos "chatos" e "certinhos" que, apesar de rejeitados, ainda movem o mundo.”

                                 
                                Liziê  Moz  Correia
                                       Estudante
            Artigo publicado em Zero Hora, em 13/08/2012.


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O PERIGOSO PODER DAS PALAVRAS




"Saiu de nossas bocas, não mais nos pertencem. As palavras têm vida própria e são, por enquanto, a única forma de nos traduzir e aos outros também. Somos um emaranhado de pensamentos, sentimentos e desejos.

Desde cedo, formados para agradar a quem nos rodeia, sermos educados, subservientes, e, no fundo, dizer o que achamos que o outro quer ouvir, expressar o que julgamos que o outro desejaria que sentíssemos, e, por fim, fazermos algo que o outro quer que façamos.

Sempre preocupados em agradar aos outros, viver em função de todos, sermos exemplo. Mas como lidar com os impulsos em que explodimos e falamos de uma só vez e de forma agressiva e fulminante, todas as insatisfações?

É aí que constatamos: palavras doem, machucam, criam sentimentos muitas vezes irreversíveis, como ódios, mágoas, raivas que,  por aquele segundo impensado, por duas ou três palavras, detonam toda uma vida. Assim, casamentos são desfeitos, há brigas entre irmãos e inimizades entre amigos fraternos. Como dizem nossos avós: "palavra tem poder"! E como!
 Na boca de um líder como foi Hitler, desencadeou uma guerra terrível, que exterminou seis milhões de judeus e convenceu uma nação, como a Alemanha, de que eles eram superiores e arianos, semideuses.
Na boca de um Gandhi, tornou-se uma arma de paz que derrotou,  sem um tiro sequer,  o maior império colonialista já existente, a Grã-Bretanha. Poder fantástico de construir ou destruir um mundo.

Mas, sejamos mais práticos e pensemos no nosso dia a dia: estamos pronto para entender as palavras que usamos? Será que as compreendemos? E mais, será que temos a noção que, mesmo que elas saiam de nós com a melhor das intenções, com um ótimo significado, quando as pessoas as escutam, elas podem interpreta-lás de forma absolutamente distorcida?
E aí realmente vira conversa de louco. Fala-se "A"o outro entende "X" e, a partir de então, desistam da conversa. Se houver bebida ou droga, pior ainda.

Num tempo de absoluta falta de intimidade, em que redes sociais devastam a vida de todos, principalmente dos famosos, qualquer mortal pode usar da palavra para ofender seu ex-ídolo, seu desafeto. Qualquer ex- namorado pode disseminar fotos íntimas e disparar palavras de "baixo calão", condenando seu ex-amor à execração pública.

E como somos críticos, impiedosos, imaturos!
É só alguém se destacar em qualquer área, que chovem palavras mortíferas. Impressiona-me  o aumento do radicalismo, da intolerância. Sonho com o dia em que não precisemos mais falar, demonstrar sentimentos nem desejos.
Afinal, a mente é o resultante de uma energia eletromagnética, de origem eletroquímica cerebral. Um dia, tal energia será captável, transmissível. Neste dia, fim das mentiras, das traições, do fingimento, se as energias não forem compatíveis cada um para o seu lado." 


                                    Eduardo Aquino
                 Médico, Psiquiatra e Neurocientista.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

AS QUATRO ESTAÇÕES DA VIDA




"Você já notou a perfeição que existe na natureza? Uma prova incontestável da harmonia que rege a Criação.
Como num poema cósmico, Deus rima a vida humana com o ritmo dos mundos.

Ao nascermos, é a primavera que eclode em seus perfumes e cores. Tudo é festa. A pele é viçosa. Cabelos e olhos brilham, o sorriso é fácil. Tudo traduz esperança e alegria.
Delicada primavera, como as crianças que encantam os nossos olhos com sua graça. Nessa época, tudo parece sorrir. Nenhuma preocupação perturba a alma.

A juventude corresponde ao auge do verão. Estação de calor e beleza, abençoada pelas chuvas ocasionais. O sol aquece as almas, renovam-se as promessas.
Os jovens acreditam que podem todas as coisas, que farão revoluções no mundo, que corrigirão todos os erros.
Trazem a alma aquecida pelo entusiasmo. São impetuosos, vibrantes. Seus impulsos fortes também podem ser passageiros... como as tempestades de verão.

Mas a vida corre célere. E um dia - que surpresa - a força do verão já se foi.
Uma olhada ao espelho nos mostra rugas, os cabelos que começam a embranquecer, mas também aponta a mente trabalhada pela maturidade, a conquista de uma visão mais completa sobre a existência. É a chegada do outono.
Nessa estação, a palavra é plenitude. Outono remete a uma época de reflexão e de profunda beleza. Suas paisagens inspiradoras - de folhas douradas e céus de cores incríveis - traduzem bem esse momento de nossa vida.
No outono da existência já não há a ingenuidade infantil ou o ímpeto incontido da juventude, mas há sabedoria acumulada, experiência e muita disposição para viver cada momento, aproveitando cada segundo.

Enfim, um dia chega o inverno. A mais inquietante das estações. Muitos temem o inverno, como temem a velhice. É que esquecem a beleza misteriosa das paisagens cobertas de neve.
Época de recolhimento? Em parte. O inverno é também a época do compartilhamento de experiências.
Quem disse que a velhice é triste? Ela pode ser calorosa e feliz, como uma noite de inverno diante da lareira, na companhia dos seres amados.
Velhice também pode ser chocolate quente, sorrisos gentis, leitura sossegada, generosidade com filhos e netos. Basta que não se deixe que o frio enregele a alma.

Felizes seremos nós se aproveitarmos a beleza de cada estação. Da primavera, levarmos pela vida inteira a espontaneidade e a alegria.
Do verão, a leveza e a força de vontade. Do outono, a reflexão. Do inverno, a experiência que se compartilha com os seres amados.

A mensagem das estações em nossa vida vai além.
Quando pensar com tristeza na velhice, afaste de imediato essa ideia.
Lembre-se que após o inverno surge novamente a primavera. E tudo recomeça.
Nós também recomeçaremos. Nossa trajetória não se resume ao fim do inverno. Há outras vidas, com novas estações. E todas iniciam pela primavera da idade.

Após a morte, ressurgiremos em outros planos da vida. E seremos plenos, seremos belos. Basta para isso amar. Amar muito.
Amar as pessoas, as flores, os bichos, os mundos que giram serenos. Amar, enfim, a Criação Divina. Amar tanto que a vida se transforme numa eterna primavera."


                   Redação do Momento Espírita



terça-feira, 7 de agosto de 2012

VIVER SEM MEDO




"Imaginemos uma vida sem medo.
Imaginemos a sensação de viver em plena confiança e Fé, sem duvidar nunca que o melhor que possamos imaginar nos chegará, como a todos que amamos. Uma vida assim é possível, mas não poderá ocorrer sem a intenção e a devoção para este propósito.

A maioria de nós vive a vida com medo.
Temos medo de não conseguir o que necessitamos, seja no amor, segurança, dinheiro, amigos, trabalho ou conhecimentos. A maioria das pessoas toma decisões baseadas no medo.
O problema de utilizar o medo, como base em nossas estruturas vitais, é que o medo não tem consistência por si mesmo, por ele não sustentar nada, justamente por ser estéril. O medo é algo estranho, que fecha os corações e causa névoas profundas na mente. Quando vivemos com medo, não conseguimos pensar direito, e assim, não vivemos com nosso potencial.

O que realmente interessa é viver bem com nosso próprio "eu", o que pode significar ter que iniciar um trabalho de limpeza interna e ter uma relação íntima com o divino, na forma que agrade. Quando estamos de bem com nós mesmos, e em perfeito contato com a essência divina, não temos nada a temer.

Todos os medos nascem do medo à morte. É instintivo de nós querer viver, mas não podemos negar que devemos deixar esta forma corpórea algum dia. As mudanças interiores também simbolizam uma espécie de morte, que é a transformação de uma vida para outra.

Viver com medo nos distrai de nosso verdadeiro propósito de vida e da nossa existência na Terra.
Paremos para analisar todos os medos, que anos de preocupações ocuparam nossa mente; perceberemos que os mesmos jamais ocorreram. Muitas vezes o destino se encarrega de mudar os fatos, seja através de nossas meditações, orações ou simplesmente mudanças interiores.

Em todos os séculos sempre surgiram predições de catástrofes, desastres, da escuridão e do Juízo Final.
Algo ocorre e algo não. Não se pode viver a vida baseando-se no "talvez", que seria um triste desperdício do potencial humano.
Quando enfocamos nossos pensamentos e energias para a divindade da vida, o Todo Poderoso, começamos a sentir sua onipresença e o medo se evapora.

Somos uma expressão de Deus com forma e, portanto, não devemos sentir medo. Existem pessoas que são felizes com seus dramas e ficam aborrecidas quando estão em paz. Talvez viver com incertezas as fazem se sentirem mais vivas. Cada pessoa "faz" suas emoções. Existe muito trabalho a ser feito, seja com os mais humildes ou com o nosso Planeta. Devemos primeiramente buscar tempo para interiorizarmos, centrarmos e ter uma experiência pessoal com o Divino. Depois devemos fazer amizade com os nossos temores e medos, para entender o que eles querem nos ensinar.

Viver a vida com amor e fé não gera espaço para medos e dúvidas constantes. Viver a vida no presente, com a intenção consciente de amor e honrar a todos e tudo que nos rodeira, nos fará amarmos e honrarmos a nós mesmos."


                                   
                                  Helena Gerenstadt

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

MÚSICA EM NOSSAS VIDAS



“Conta-se que, um dia, ao ouvir o silvo do vento passar pelo tronco oco de uma árvore, o homem o desejou imitar. E inventou a flauta.
Tudo na natureza tem musicalidade. O vento dedilha sons na vasta cabeleira das árvores e murmura melodias, enquanto acarinha as pétalas das flores e os pequenos arbustos.
Quando se prepara a tempestade, ribombam os trovões, como o som dos tambores marcando o passo dos soldados, em batidas ritmadas e fortes.
Quando cai a chuva sobre a terra seca pela estiagem, ouve-se o burburinho de quem bebe com pressa.

Cantam os rios, as cachoeiras, ulula o mar bravio.
Tudo é som e harmonia na natureza. Mesmo quando os elementos parecem enlouquecidos, no prenúncio da tormenta.
E lembramos das poderosas harmonias do Universo, gigantesca harpa vibrando sob o pensamento de Deus, do canto dos mundos, do ritmo eterno que embala a gênese dos astros e das humanidades.
Em tudo há ritmo, harmonia, musicalidade.
Em nosso corpo, bate ritmado o coração, trabalham os pulmões em ritmo próprio, escorre o sangue pelas veias e artérias.
Tudo em tempo marcado. Harmonia.

Nosso passo, nosso falar é marcado pelo ritmo.
A música está na natureza e, por sermos parte integrante dela, temos música em nossa intimidade. Somos música.
Por isso é que o homem, desde o princípio, compôs melodias para deliciar as suas noites, amenizar a saudade, cantar amores, lamentar os mortos.
Também aprendeu que, através das notas musicais, podia erguer hinos de louvor ao Criador de todas as coisas.
E surgiu a música mística, a música sacra, o canto gregoriano.

Entre os celtas, era considerada bem inalienável a harpa, junto ao livro e a espada.
Eles viam, na música, o ensinamento estético por excelência, o meio mais seguro de elevar o pensamento às alturas sublimes.
Os cristãos primitivos, ao marcharem para o martírio, o faziam entre hinos ao Senhor. Verdadeiras preces que os conduziam ao êxtase e os fortaleciam para enfrentar o fogo, as feras, a morte, sem temor algum.
O rei de Israel, Saul, em suas crises nervosas e obsessivas, chamava o pastor Davi que, através dos sons de sua harpa, o acalmava.

A música é a mais sublime de todas as artes. Desperta na alma impressões de arte e de beleza. Melhor do que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida. Por isso ela é a própria voz do mundo superior.
A voz humana possui entonações de uma flexibilidade e de uma variedade que a tornam superior a todos os instrumentos.
Ela pode expressar os estados de espírito, todas as sensações de alegria e da dor, desde a invocação de amor até as entonações mais trágicas do desespero.

É por isso que a introdução dos coros na música orquestrada e na sinfonia enriqueceu a arte de um elemento de encanto e de beleza.
É por isso que a sabedoria popular adverte: Quem canta, seus males espanta!
Cantemos!”


                          
                           Redação do Momento Espírita,
                   Baseado no Livro: “O Espiritismo na Arte”,
                                     De Léon Denis.
                      
                                    


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ESPERANÇA SEMPRE


                        
                            
"Contempla o céu, nos dias em que a sombra te invada o coração, e pensa na inalterabilidade do Amor Infinito que verte do Criador para todas as criaturas.
O mesmo sol que te aquece e nutre é aquele mesmo sol que nutriu e aqueceu bilhões de criaturas na Terra, no curso dos
séculos incessantes.

Quase todas as estrelas que hoje se te descerram aos olhos são as mesmas que acompanharam os homens, na queda e no levantamento de civilizações numerosas.
Reflete nisso e não te deixes arrasar pelas aflições transitórias que te visitam com fins regenerativos ou edificantes.

É provável que tribulações diversas te sigam no encalço.
Aguentas incompreensões e dificuldades em conta própria; toleras lutas e problemas que não criaste; carregas compromissos e constrangimentos, a fim de auxiliar aos entes queridos; ou erraste, talvez, e sofres as conseqüências das próprias culpas.
Não importa, entretanto, o problema, embora sempre nos pesem as responsabilidades assumidas, quaisquer que sejam...

Desliga-te, porém, do pessimismo e do desânimo, recordando que a vida que desfrutas, em suas origens profundas, não é obra de tuas mãos.
O poder que te dotou de movimento, que te desenvolveu as percepções, que te induziu ao impulso irresistível do amor e que te acendeu no pensamento à luz do raciocínio, guarda recursos suficientes para retificar-te, suplementar-te as energias, amparar-te na solução de quaisquer empresas difíceis ou reaver-te de qualquer precipício, onde hajas caído, em desfavor de ti mesmo.

Esse mesmo poder da vida que regenera o verme contundido e reajusta as árvores podadas, nunca te relegaria à sombra da indiferença.
Entretanto, para que lhe assimiles o apoio plenamente, é imperioso te integres no sistema do trabalho no bem de todos, sem te renderes à inutilidade ou à deserção.
Lembra-te de que o verme ferido e as árvores dilaceradas se refazem por permanecerem fiéis ao trabalho que a sabedoria da vida lhes conferiu pela natureza.

Recordemos isso e seja de que espécie for a provação que amargue as horas, continua trabalhando na sustentação do bem geral, porquanto se te ajustas ao privilégio de servir.
Seja qual for a prova em que te encontras, reconhecerás para logo, que o amor é um sol a brilhar para todos e que ninguém existe sem esperança e sem Deus."

                          
                                          Emmanuel
                              Psicografia de Chico Xavier,
                                 Do Livro “Mãos Unidas”

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O EGO E EU








“A batalha mais difícil de ser travada ocorre no teu mundo íntimo.
Ninguém a vê, a aplaude ou a censura.
É tua. Vitória, ou derrota, pertencerá a ti em silêncio.
Nenhuma ajuda exterior poderá contribuir para o teu sucesso, ou conjuntura alguma te levará ao fracasso.
Os inimigos e os amigos residem na tua casa interior e tu os conheces.
Acompanham-te e desde há muito estás familiarizado com eles, mesmo quando te obstinas por ignorá-los.
Eles te induzem a glórias e a quedas, aos atos heróicos e às fugas espetaculares, erguendo-te às estrelas ou atrelando-te ao carro das ilusões.

São conduzidos, respectivamente, pelo teu Ego e pelo teu Eu.
O primeiro comanda as paixões dissolventes, gerando o reinado do egoísmo cego e pretensioso que alucina e envilece.
É herança do primarismo animal, a ser direcionado, pois que é o maior adversário do Eu.
Este é a tua individualidade cósmica, legatária do amor de Deus que te impele para as emoções do amor e da libertação.
Sol interno, é chama na fumaça do Ego, aguardando o momento de a dissipar, a fim de brilhar em plenitude.

O Ego combate e tenta asfixiar o Eu.
O Eu é o excelente libertador do Ego.

Sob disfarces, que são as suas estratégias de beligerância criminosa, o Ego mente, calunia, estimula a sensualidade, fomenta a ganância, gera o ódio, a inveja, trabalha pela insensatez.
Desnudado, o Eu ama, desculpa, renuncia, humilha-se e serve sem cessar.
Jamais barganha ou dissimula os seus propósitos superiores.

O Ego ameaça a paz e se atulha com as coisas vãs, na busca instável da dominação injusta.
O Eu fomenta a harmonia e despoja-se dos haveres, por saber que é senhor de si mesmo e não possuidor dos adornos destituídos de valor real.

César cultivava o Ego e marchou para a sepultura sob as honrarias que ficaram à sua borda, prosseguindo a sós conforme vivia.
Jesus desdobrou o Eu divino com que impregnou a Humanidade e, ao ser posto na cruz, despojado de tudo, prosseguiu, de braços abertos, afagando todos que ainda O buscam.
O Ego humano deve ceder o seu lugar ao Eu cósmico, fonte inesgotável de amor e de paz.
Não cesses de lutar, nem temas a refrega.”


                                      Joanna de Ângelis
                    Do Livro: Momentos de Meditação
                       Psicografia de Divaldo P. Franco.



segunda-feira, 23 de julho de 2012

EM RELAÇÃO À ANGÚSTIA




Acautela-te quanto às injunções da angústia.
À semelhança de erva daninha, ela se entranha suavemente nas raízes do sentimento, estrangulando-as com vigor.
Insinuante, encontra fáceis argumentos para instalar-se na mente e emaranhar-se no coração, tornando-se infortúnio de difícil erradicação.

Afirma-se que a angústia é resultado de sofrimentos íntimos mal digeridos.
Às vezes, aí se origina, invariavelmente, porém, torna-se desdita que consome, tendo a sua procedência em nonadas que tomam vulto e são aceitas como fatores de alta consideração.

Não te impressiones com os insucessos nas atividades que empreendes. Eles fazem parte dos cometimentos e são lições preciosas, a fim de que aprendas a não reincidir nos seus gravames.
Quem desconhece o fracasso não tem condições de viver êxitos.
Demorar-se no malogro, entre lamentações e rebeldias, é abrir-se ao desequilíbrio, à angústia.
Perder é fenômeno natural em todo empreendimento, de modo a poder-se lucrar depois, satisfatoriamente.
A existência carnal, por isso mesmo, é um investimento que experimenta todos os tipos de riscos existentes.
Enfrentá-los com naturalidade, eis o dever de todos, nunca se deixando atemorizar ou fugir da responsabilidade que apresentam.

Entre os antídotos eficazes para a angústia, o trabalho edificante e nobre de toda procedência, tem primazia.
Ele estabelece motivações para continuar-se a viver e a lutar, emulando ao contínuo esforço de crescimento com vistas ao progresso social, moral e espiritual.
Ao seu lado, a leitura instrutiva, consoladora, e a prece constituem terapias eficazes, substituindo, na mente, os clichês viciosos e pessimistas por idéias novas, construtivas.

Abrindo espaços para conjunturas e realizações saudáveis, reeduca os hábitos mentais negativos, facultando entusiasmos, renovação interior, libertação.
A ação do bem a favor do próximo é, também, de valor inestimável, por gerar simpatia e desenvolver o amor que restabelece a paz íntima, restituindo a alegria existencial.
Habitua-te com a felicidade e não a desprezes aceitando as insinuações da angústia que te espreita.
Faze sol íntimo e esparze-o onde te encontres.
Jamais tropeçarás em trevas se o mantiveres.


Joanna de Ângelis /Divaldo P. Franco
Livro: Momentos de Esperança



quinta-feira, 19 de julho de 2012

CASA ESPIRITUAL




Cada homem é uma casa espiritual que deve estar, por deliberação e esforço do morador, em contínua modificação para melhor.

Valendo-nos do símbolo, recordamos que existem casas ao abandono, caminhando para a ruína, e outras que se revelam sufocadas pela hera entrelaçada ou transformadas em redutos de seres traiçoeiros e venenosos da sombra;  aparecem, de quando em quando, edificações relaxadas, cujos inquilinos jamais se animam a remover o lixo desprezível .

Observam-se as moradias fantasiosas, que ostentam fachada soberba com indisfarçável desorganização interior, tanto quanto as que se encontram penhoradas por hipotecas de grande vulto, sendo justo acrescentar que são raras as residências completamente livres, em constante renovação para melhor.

O aprendiz do Evangelho precisa, pois, refletir na lição de Jesus  em que o lar espiritual não deve ser tomado apenas como carícia embaladora e, sim, por material de construção e reconstrução da reforma integral da casa íntima.

Muitas  vezes,  é imprescindível que os alicerces de nosso santuário interior sejam abalados e renovados.

Cristo não é somente uma figuração filosófica ou religiosa nos altiplanos do pensamento universal. É, também,  o restaurador da casa espiritual dos homens.

O cristão sem reforma interna dispõe apenas das plantas do serviço. O discípulo sincero, porém, é o trabalhador devotado que atinge a luz do Senhor, não em benefício de Jesus, mas, sobretudo, em favor de si mesmo.


                                   Emmanuel
             Livro: Vinha de Luz, de Francisco C. Xavier



sábado, 14 de julho de 2012

JANELAS DA INFÂNCIA



“Pedi à minha filha de oito anos _ Abre uma janela aí, filha.
Esperei.  Disse de novo:
_ Abre uma janela aí, filha.
Esperei novamente.  Quando vi, ela tinha aberto uma janela no 
Google Chrome.
Tenho pensado na diferença da infância dela para a minha. As crianças de hoje em dia não sabem o sabor de uma goiaba colhida do pé, do quanto é bom esperar os ventos de julho chegarem para correr, colher uma 
taquara, afinar ao máximo com uma faca duas ou três varetas, pedir pra mãe um pouco de farinha de trigo misturada com água pro grude, pegar o papel de seda do pão d'água, ajeitar uma camiseta velha para a cola e pedir ao tio, fio do espinhel bem comprido para montar aquela pandorga.

Depois sair pro meio da rua, é isso mesmo, bem no meio da rua de chão batido, se posicionar com o rolo - vidro de álcool - de linha na mão, esperar aquele vento bom chegar e correr, correr com todas as forças, como se fazer aquela pandorga voar alto fosse a coisa mais importante que tivesse que conseguir na vida. Fico pensando em como esta "pequena" brincadeira é hoje tão valiosa, pelo menos pra mim.
Eu ficava horas sentada no chão batido da rua, olhando alto aquele pequeno pedaço de papel com algumas taquaras voando, às vezes quase se perdendo da minha 
vista, e quando perdia ela, eu olhava o céu e ficava ali esquecida do tempo.

Fios? Na minha rua não tinha muitos, dava pra soltar as pandorgas sem problemas. Lembro muito e sinto imensa saudade do espetáculo que os vagalumes – pirilampos, pros de menos idade - davam todas as noites no terreno em frente. Eram tão lindos ! Que bichinho lindo, tchê! Eu sentava em frente à calçada de casa sozinha, só para ver aquele tanto de luzinhas brilhando, e ainda nem era Natal.

Me causa estranheza e preocupação ver minha filha pesquisando e conhecendo em segundos, pela tela do computador, as muralhas da China como vi hoje, sem que pelo menos eu tenha que pegar da  estante do meu avô, um livro enorme daquela enciclopédia antiga - se diz enciclopédia ainda ou está fora de moda? Fazer uma pequena história e entonar uma grande fantasia em cima dessa pesquisa.
A sala do meu avô era de chão de cimento, havia um sofá velho e uma estante que tomava conta de toda uma parede da sala.
Nela havia coleções muito boas e que poucas pessoas tinham na época. Minha mãe nos levava naquela sala e fazia daquilo uma festa. Era um acontecimento meu avô ter todos aqueles livros, como se, hoje em dia, mostrassem para nossas crianças o Tablet mais potente da atualidade. E, na frente da lareira, perto da sala, ele contava as histórias dos livros, ou embaixo da parreira de uva, enquanto nos pedia para ajeitar os raminhos da parreira  que se enrolavam nos galhos.

Todos os dias penso nas nossas brincadeiras no meio da rua, nos dias subindo nas árvores e colhendo pitanga, amora, goiaba, ameixa, limão, laranja e comendo ali mesmo, em cima da árvore.
Minha filha não gosta de goiaba, mal conhece amora, mas amo contar pra ela, enquanto escolho algumas goiabas no mercado, de como era bom subir naquela árvore e escolher nossas próprias frutas, ter que nos equilibrarmos quando chovia, porque goiabeira na chuva fica escorregadia, sabiam?
Sorte ter aquela pitangueira no caminho para a casa da avó dela, onde ela para e colhe aquelas frutinhas faceira, e eu tenho uma baita paciência pra esperar ela colher e comer aquelas pitangas, enquanto os carros voam sem parar no quebra molas que ali tem.
Estes dias,  contei a ela como fazíamos 
pesquisas para os trabalhos da escola.  Depois da sala do meu avô, havia biblioteca em nossa escola e, quando o livro não tinha na escola, íamos na Biblioteca Pública. Você ia lá, pegava seu livro, havia um lugar onde podia sentar e havia, também, um cartaz onde dizia "Silêncio", que era pra poder escolher o livro ou até concluir seu trabalho lá. Hoje em dia não tem tanta importância o silêncio né, existem fones de ouvido.

Enfim, fico um pouco feliz por pelo menos ela ter eu, que posso contar tudo isso como uma história verídica. Já, daqui a uns anos, será tudo contado como uma estória e o sonho de cada criança (a fantasia de cada uma) vai ser olhar pela janela de casa e poder enxergar as luzinhas da natureza, um céu azul e frutas que podiam dar em árvores, imagina! Em um reino muito distante.”


                                Fernanda Bonorino Diatel,
                                           Professora
              Artigo publicado em Zero Hora, de 12/07/2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

A ARTE DO DESAPEGO




Se pudéssemos rever conceitos, se aprendêssemos a ver, mesmo nas situações mais adversas, uma lógica divina, afinal, “Deus escreve certo por linhas tortas”, deixaríamos de reclamar de cada decepção, e em cada queda extrairíamos as lições certas que Deus nos envia.

Com isso, seríamos menos apegados às coisas materiais, e não sentiríamos o medo de perder pessoas que amamos. Cristo nos ensinou que reencontraremos quem amamos na “casa do Pai e no Descanso Eterno”. Praticar mais o que falamos e oramos (e não apenas da boca pra fora), significa acalmar nossos corações e mentes, à medida que tivermos uma nova visão das mesmas coisas que antes nos alarmava no nosso cotidiano.

Quando exercitamos a fé a cada dia, experiência após experiência, assimilando vitórias e derrotas, alegrias e tristezas, conseguimos, enfim, o conforto dessa fé. Entender que tudo passa e a vida é o ato de nascer, viver e morrer “para a vida eterna” e que nossos pensamentos, sofrimentos, preocupações não mudam com o tempo e com os desígnios de Deus, é evoluir no aprendizado de que cada um nasceu para escrever a própria história, passar pelos seus sofrimentos, viver o tempo que tiver que viver.
Eis a arte de viver e amar no desapego.

Existe, também, a arte de resgatar as coisas simples da vida:  experimente desligar o celular, abrir mão das novelas e jogos de futebol na TV às 22h, voltar a praticar seu esporte, fazer uma caminhada, pegar um cineminha, ouvir as músicas que gosta, fazer um trabalho manual, ter um tempo para um bom namoro, ler um bom romance, jogar conversa fora, ter um bom papo com os filhos, sair para comer pipoca, sorrir, contar um caso antigo, uma boa piada, sair do quarto, da casa, da tela, ver a lua cheia, pescar, enfim, reaprender a ter uma vida mais simples e feliz!


                                    
Eduardo Aquino 
                 Médico, Psiquiatra e Neurocientista