domingo, 3 de janeiro de 2010

UM PEDAÇO DE MINHA VIDA

Meu marido costuma dizer, em tom de brincadeira: - Conte-me um pedaço da tua vida, pois  a minha eu já sei de cor. Assim, vou contar um pedaço da minha vida, cujas etapas também sei de cor, mas que vale a pena comentar. Após a minha aposentadoria, ocorreram-me vários problemas de saúde, entre os quais um câncer de mama diagnosticado em 2000, sendo extirpado no final desse mesmo ano. Como tratamento posterior, além da medicação oral por quase cinco anos, fiz também sessões de radioterapia. Foi um período muito difícil e penoso, sendo que fiquei muito fragilizada.

                      
Mas, o pior ainda estava por vir. Quase ao final do tratamento, num dos exames periódicamente realizados, constatou-se novo tumor, agora na outra mama. Foi um choque muito grande, pois outra batalha estaria começando. Eu não queria acreditar que tudo voltaria outra vez. Mas, o que fazer?
A cirurgia, inicialmente programada para ser uma mastectomia, não foi necessária. Apenas foram retiradas as calcificações detectadas. Desta vez, não escapei de fazer a quimioterapia, que deixou-me muito mal. Eram muitas sessões em que tive distúrbios vários, tais como enjôos, vômitos, diarréia, fraqueza geral e, por fim, a temida queda de cabelo.


Apesar de tudo, enfrentei com coragem e resignação esta dolorosa etapa. Sem cabelos, não me escondi de ninguém. Usava chapéus e me achava muito bem com os mesmos. Depois ainda veio mais um tratamento com medicação importada que, ao contrário da quimioterapia não apresentava sintomas semelhantes àquela, apenas fraqueza e sonolência.

Três anos após a última ocorrência do câncer, estou ótima. Acredito que na vida, por razões por nós desconhecidas, mas óbvias, necessitamos passar por algumas fases de dor e sofrimento. A resignação e a fé em Deus nos ajuda a transpor essas barreiras, embora haja momentos que o sofrer é tão intenso, que parece ser impossível suportar.

Quando estamos com problemas e o achamos insolúveis, devemos olhar ao nosso redor e observar aqueles que estão doentes da mente e do físico. Parem um pouco para pensar em nossos irmãos que estão confinados em hospitais e casas de saúde  ou sanatórios, sofrendo dores incalculáveis, sem uma perspectiva de melhora. Pensar que todos estamos aqui neste mundo para aprender e evoluir faz com que tenhamos amor e compaixão pelos que sofrem.

O amor, como dádiva divina, revela em nós a semelhança espiritual com nosso Pai. Portanto, fé e esperança, confiança e resignação é nosso dever, mesmo quando estamos sofrendo por alguma coisa. Orar pedindo ajuda, não apenas para nós mas para todos. Orar é a maneira como conversamos com Deus. Ele recebe nossas preces e, com certeza, na medida de nosso merecimento, nos atende. Eu posso dizer que fui atendida pois estou curada.

 

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