terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O VIAJANTE DOS OLHOS AZUIS





"O que vale na vida não é o ponto de partida e sim, a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher."
  
                                               Cora Coralina






Seus olhos eram azuis. De um azul que só ao firmamento poderia ser comparado. Ele andava, a passos curtos e, com seu manto coberto de poeira e sandálias gastas pelas andanças que seu objetivo e fé, lhe impunham. Sonhava. E seu sonho era o mais puro e singelo de todos: mostrar ao mundo Sua trajetória, Suas esperanças e Sua fé.

Ao longe, avistou uma multidão que, num primeiro momento, parecia-lhe estarem numa disputa ferrenha por algo que ele não podia ver. Aproximou-se cautelosamente,e descobriu o que fazia aquele povo todo tão feroz.

Era, na verdade, uma criança pequena e frágil nas mãos daqueles homens truculentos e sanguinários. Disputavam o pequeno, para usá-lo como oferenda a seus deuses.

De seus olhos azuis rolaram lágrimas. Ergueu-os para o céu e orou: Pai, dai-me forças para suportar o que estou vendo. Ajuda e salva este ser tão indefeso desses homens que, no fundo, não sabem o que fazem.

Repentinamente, o céu escureceu e nuvens espessas cobriram a terra. Raios estouravam a todo momento e o vento parecia derrubar a todos, menos aquele homem dos olhos azuis.
A indefesa criança agora chorava a plenos pulmões, com mêdo da tempestade que se avizinhava.

Todos estavam estarrecidos com o que viam e,amedrontados, debandaram em intensa correria colina abaixo. O inocente, a chorar, olhava para aquele homem estranho e com os olhos da cor do céu. Este, tomou a criança em seus braços, e levantando-a, disse:

- Eu sou Jesus, o filho de Deus. Ficai tranquila, pois estás comigo e com o amor de meu Pai, que está no céu.
Estás segura, pois "Eu sou o teu pastor e nada te faltará".
E, assim, continuou sua caminhada, levando pela mão, aquela criança singela e pura.

Depois de muito caminhar, divisou, ao longe, uma pequena casa de onde saiu uma senhora aflita e chorando. Era a mãe daquela inocente que ele havia salvo da multidão enfurecida. A mulher, agradecida, jogou-se aos pés daquele homem, dizendo:
- Salvaste minha filha. Peça-me o que quiseres e eu te darei.

Jesus apenas tomou entre as suas, as mãos calejadas daquela mulher e lhe disse:
-Ore a Deus, meu Pai infinito, e agradeça-lhe por sua filha estar bem. Foi Ele quem a salvou, por meu intermédio.

Depois disso, voltou à estrada empoeirada e continuou sua eterna caminhada, para levar aos corações a paz, o amor e a caridade.

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